terça-feira, maio 24, 2005

cleptomania rápida

A velha tradição ibérica me fudeu mais uma vez.

Baseado nos meandros comportamentais dos antepassados Vouzelenses, que viviam todos sob eterna ânsia de lesar a Coroa, ganhei uma caneta Pilot preta novinha.

Pena que perdi uma mochila, um suéter e várias anotações.

Merda!

domingo, maio 15, 2005

Uma dúzia e meia

Sei que muita gente tem problemas sérios. Problemas graves com saúde, finanças, família, amor, etc. Mas tenho que fazer como os nerds complexados da internet, e usar o blog para desabafar.

Pouca gente vai ler este post, mas preciso documentar, nem que seja aqui, minha insatisfação com estes 18 elementos que se repetem diariamente em minha vida.

São momentos de esforço que, sinceramente, eu preferia não ter. Prejudicam minhas articulações, e, principalmente, me tornam um sujeito ainda mais arredio a qualquer tipo de atividade externa. As pessoas adoram me chamar de antipático, e reclamar que não saio, nem mesmo aos sábados e domingos, mas poucos entendem o porquê.

Antes de ler o resto, perceba que nem estou contando com os 3 primeiros, que são completamente inúteis, já que não me levam objetivamente, de um andar a outro. O meu problema mesmo são os 18 que aparecem em seqüência.

Me lembro que quando me mudei, pensei: “Porra... É só um andar. Tudo bem subir de escada.”. Nessa hora não percebi que as quase duas dezenas de degraus desgraçados. Que nem ao menos são uniformes. O sacrifício para superá-los não é algo contínuo. Não basta ter paciência, já que quando se chega na curva, alguns ficam mais largos e, portanto, exigem mais passos, e mais disposição do corajoso que tenta ultrapassá-los.

Para ficar menos ridículo, vamos a um exemplo prático. Observaremos a rotina de um fim-de-semana de um homem típico de classe média da Zona Norte.

*9h Acordar. Ir ao banheiro e trocar de roupa.

*9h10 Comprar pão e jornal. (36 degraus)

*10h Tomar banho, trocar de roupa, tomar o café, ler o jornal e assistir TV.

*12h Almoço com a família (+18 degraus)

*14h Volta do almoço (+18 degraus)

*17h Pelada com os amigos, ou cinema com namorada (18 degraus)

*20h Volta da pelada ou cinema (+18 degraus)

*22h Jogar o lixo fora (+36 degraus)

No exemplo acima, consigo percorrer, em apenas um dia, 144 degraus.

Tente perceber, amigo leitor, que não se trata de um dia muito agitado. É um dia sem trabalho ou faculdade, e para piorar, as atividades são as mais básicas. Veja que não computei pequenas atividades que me exigiriam subir e descer as escadas rapidamente, como procurar algo na caixa de correspondência, ou abrir o portão para alguém que chega depois das 22h, quando já está trancado.

Se nos basearmos neste pequeno número, chegaremos ao resultado de 4.320 degraus por mês. O que significa que, desde que me mudei para o Lins, em Março de 2003, percorri cerca de 112.000 degraus. Se estimarmos que em cada degrau eu perco 1 kcal, perceberemos que se houvesse um elevador no prédio, hoje eu seria mais ou menos como o Gilberto Barros.

Se formos um pouco mais longe, e pensarmos nos 500 degraus do Corcovado, concluiremos que eu subiria mais de 220 vezes os aclives que dão na estátua de nosso querido Messias. Acho que não preciso nem contar sobre a Canadian National Tower, que possui a mais longa escada do mundo, com 1776 degraus, que eu poderia ter subido e descido mais de 30 vezes.

Portanto, a partir de agora, espero que entendam porque me comporto como um velho ermitão do Nepal, e não me encham mais o saco convidando para as tais “baladas” (que gíria horrível). Tenho mais o que fazer.

E viva o delivery!!!!

A primeira parceria.

OS SEUS CONSELHOS
(Bruno Andrade/Manoel Magalhães)

Hoje eu quis te dizer

Que acho melhor parar de tentar esquecer

Todas as noites, todas as coisas que fiz

Tentando ser forte, tentando ser livre.

Hoje eu quis te contar

Quanta saudade, quanta falta eu senti

Nas horas em que não queria falar de você.

Eu estive tão longe, fora de alcance.

Pra ouvir os seus conselhos.

Hoje eu quis te mostrar

Que agora não ligo se somos tão iguais assim

Que por todos os dias sempre quis dizer

Sei que posso escutar,

Eu sei que posso mudar

E ouvir os seus conselhos.

Volta então

Faz do mundo mais que do que a canção

Hoje as horas vão parar

Hoje o tempo vai mudar

Só pra ouvir os seus conselhos

segunda-feira, maio 09, 2005

Não leia o final. É horrível.

Aconteceu mês passado. Na movimentada portaria entrada de um famoso estabelecimento, uma jovem e um idoso são recebidos pelo estagiário ainda na fila.

- Olá. Meu nome é Ricardo, e sou consultor para agilização da fila. Em que posso ajudá-la?

- Oh, sim, muito obrigada. Eu preciso registrar minha chegada. Demorei bastante e estou um pouco cansada, sabe? Já tenho reserva aqui faz um tempão, mas só consegui vir ontem de manhã, e ainda assim, me perdi no caminho.

- Nós vamos estar solucionando seu problema, senhora. Por favor, me diga seu sobrenome:

- Schiavo, está aqui meu visto de entrada.

- Vamos ver na lista: Terri Schiavo?

- Isso mesmo.

- Hummm... Boa família... Casada... Acidente.... Hmmm... Muitos anos de sofrimento. Aham... Aham.... (examina os papéis). Nossa, era pra você ter chegado a quase um mês. Mas parece estar tudo aqui. Só está faltando a requisição do patrão. A senhora tem?

- Tenho sim. Está aqui. Assinada pelo próprio.

- Que ótimo. Tem muita gente que tenta entrar sem esse documento, mas depois descobre que ficar aqui ilegalmente é pior que ir para a concorrência. Está tudo certo. Agora, basta entregar os documentos no guichê. Tenha uma boa estadia, por toda a eternidade.

O jovem carimba a papelada e depois se dirige ao próximo da fila, um idoso de ar alterado, que já o cutucava:

- Olá. Bom tarde, senhor. Meu nome é Ricardo, e sou consultor para agilização da fila. Em que posso ajudá-lo?

- Estou aqui para providenciar meu descanso eterno. Mas fiquei preocupado.

- Preocupado com o quê? Tenho certeza que podemos resolver...

- Esta senhora na minha frente... Você sabe quem é? Sabe o que ela fez lá embaixo?

- Sim. Ela sofreu terríveis problemas, e mostrou ao mundo que a morte pode ser uma benção, que às vezes é melhor não viver a não participar da vida...

- Psssst! Calado! Você por acaso já percebeu a quem está dirigindo tamanhos impropérios e heresias?

- Não são impropérios. É a verdade. Esta mulher foi um daqueles símbolos da sociedade pós-moderna, com que todos os “cidadãos decentes” se revoltam e se unem...

- O quê?!?!

- Mas não tem problema. Isso é o melhor do pensamento ocidental do novo século. Daqui a pouco todo mundo já esqueceu. Até mesmo o senhor...

- Ei!!! Por acaso você sabe com quem está falando?

- Não. Mas pelo sotaque estranho, deve ser italiano né...

- Se tem uma coisa que não sou é italiano. E não se faça de rogado. Você sabe bem qual é meu nome, e tudo que fiz pela humanidade. Nunca precisei ficar nervoso quando estava lá embaixo, mas agora vem um estagiário e deixa entrar aqui o símbolo maior da Eutanásia no século XX? Você acha que é assim? Que joga fora o trabalho da vida inteira de Karol Wojtyla???

- Epa! Peraí. Karol Wojtyla, é???

- Sim. João Paulo II. Aquele mesmo. O papa da música dos Engenheiros.

- Ah... então é você, não é? Nós aqui nos desdobrando para atender melhor os clientes... Fazendo de tudo pra não perder almas pra concorrência, e você lá embaixo só jogando contra nós... Dando todo o suporte jurídico pro Capetão dizer que todo mundo era dele, porque eram todos assassinos e usavam camisinha. Agora todo mundo vai para lá... Oh!! Graças à João Paulo II... Todos pecadores para sempre... Você tem idéia do prejuízo que vem causando ao Nosso Senhor? Você já viu os balancetes do Paraíso nas últimas décadas???

- Eh... Acho que não.

- É lógico que não. Enquanto você brinca de polonês benevolente, a gente rala aqui em cima. Dizem até que agora a coisa vai piorar... Que os evangélicos finalmente conseguiram grana pra construir um Céu só deles... Quando isso acontecer, não sei onde vamos parar. Vamos acabar tendo que aceitar a parceria com a Umbanda, que o pessoal da Bahia sempre propõe...

- Mas então... tudo que fiz foi errado?

- Nããão... Também não é assim. Certas coisas foram boas. Eu sempre gosti dos discursos em dezenas de idiomas. O Papamóvel era bacana também. Mas fala a verdade, você acha que essa moça da sua frente precisava esperar esses anos todos pra vir pra cá?

- Eu...

- Tá bom.... tá bom... Não precisa dizer mais nada. Se meu chefe me vir nervoso desse jeito, perco o estágio. Saí completamente do texto da apostila... Há quanto tempo não falo no gerúndio?? Me dá logo sua papelada, vai...

- Está aqui.

- Um momento e estaremos consultando sua situação, senhor.

Passam-se dez minutos e o jovem volta com um enorme relatório em suas mãos.

- Conseguiu? Já posso entrar? Estou ansioso para falar com Pio XVI. Ele deve ter muito pra contar..

- Deve ter mesmo, mas sinto informálo que, infelizmente, não vamos poder estar dando entrada em sua matrícula.

- Como assim?

- Infelizmente, sua data de chegada está errada.

- Data de chegada??

- Exato. Há alguns anos, sua vinda foi adiada, graças à estratégia do diretor de Marketing da época. Eles apostaram no sensacionalismo, na notícia-escândalo. Diziam que iam dar vida nova à marca, etc.

- Ah... O atentado...

- Isso mesmo. Mas não deu certo. As outras Igrejas trabalharam o mesmo conceito. Mas foram muito mais eficazes que nós. Mesmo assim, agora parece que ocorreu um erro. Nossos custos estão muito elevados, e não tem como manter um hóspede como o senhor por aqui. Isso não estava previsto... Sua data de chegada era daqui a 5 anos.

- Mas como assim?

- Tudo indica que o senhor veio por acidente. E com a reengenharia atual, não poderíamos hospedar um papa deficitário. Mas nós já demos um jeito, e o próximo Papa vai ser igualzinho ao senhor, assim podemos continuar com as reformas, mesmo em meio aos mesmos problemas de sempre. Do mesmo jeito do Lula, no Brasil.

- Poxa... Mas por falar em Lula, será que não tem como fazer como lá no Brasil... dar um jeitinho??

- Olha senhor, eu até poderia tentar, mas o administrador novo é um japonês linha-dura. Controla até o papel higiênico. Vai descobrir o senhor rapidinho, e aí não sobra nem picadinho de polonês.

- Então o que faço?

- O senhor tem duas opções:

A primeira é sentar e esperar o Ratzinger chegar. Do jeito que a coisa vai, talvez leve menos que os 5 anos. Aí então tira no palitinho com ele, pra ver quem fica.

A segunda é ver se tem vaga na concorrência. Mas lá não é fresquinho como Varsóvia, não...

- Você está me mandando ir para o inferno?

- Não. Mas pelo menos lá você não vai ser o único ícone Pop do século XX.


(texto escrito com sono, às 4 da manhã, inaugurando a estética do artista já conhecido)
(eu avisei que o final era horrível)

portanto...

Bem, o importante mesmo é que me senti desafiado pelo senhor produtor de Oliveiras que já citei. Nunca estabeleci uma relação temporal entre as postagens e os acontecimentos do mundo, mas isso vai mudar. A partir de agora, firmo um compromisso com meus queridos 4 leitores.

Todos os dias vou postar alguma coisa neste espaço duvidoso, do qual ainda não consegui obter nenhum benefício, e estou quase concluindo que não serve pra nada mesmo.

Sei que já foram várias as promessas, como o Relatório Estácio de Sá, o Projeto D.Nelson, a Ópera Rock, e outros que nem tive coragem de deixar aqui. Mas agora é sério. Vou criar o (mal)hábito de escrever nessa joça (que palavra ótima!).

Acostumem-se com as esquisitices, porque de agora em diante, nenhum censor vai ser capaz de me parar. Serão publicados neste não-lugar (arrrgh!) todos os escarros cerebrais. Mesmo os piores. Sem edição, sem revisão. Seguindo a estética musical do artista já famoso no Tramavirtual.

Como já diziam Zagallo e o Viagra: “Vocês vão ter que me engolir.”

(avisei que ia ter frases péssimas)

isso mesmo

Depois de ler uma mensagem cuidadosamente assinada por, vejamos só: “Ribeiro de Castro”, descarado que assina como um desencarnado lisboeta do século XVII, resolvi fazer um texto chato assim, sem parágrafos nem pontos finais, uma besteira qualquer, para começar a falar de coisas que vem depois, explicando o que ninguém pediu, com meus queridos apostos e prolixias de ocasião, neologismos de terceira linha, completamente inúteis, tanto para mim quanto para qualquer um, já que faz (hahaha com quem concordei este verbo?) você leitor voltar algumas linhas acima para entender o que essa frase ridícula quer dizer, mesmo que seja menos compreensível que qualquer gesto oriundo de seu peixinho de estimação.

(é tão ruim que nem eu entendo)