sexta-feira, fevereiro 18, 2005


este é brunolo. imagine-o com o uniforme e o veículo descritos no post anterior
postado por brunolo

Estácio de Sá - 01/2005

relatos reais em primeira pessoa - a vida como ela lhe parece (?!?!!)


Primeiro Capítulo 1 - A Longa Noite Do Começo da Grande Jornada

Mês passado assisti a uma formatura muito bonita. Era a turma da Fernanda na ECO. Todo mundo muito feliz, muito orgulhoso, e mais ainda, todos amigos.

Pode parecer um motivo bobo, mas o fato é que a tal cerimônia me colocou dúvidas sobre a forma como venho encaminhando a vida acadêmica, e eis que resolvi parar de reclamar por fazer uma faculdade estranha. Pensei que pode ser melhor aproveitá-la. Tentar máximo que der. Mesmo que esse máximo não seja muito.

Para conseguir mudar de postura, dei início então ao meu preparo psicológico.
Iniciei uma terapia junto com meu amigo mais sincero: o espelho do meu quarto. Tentei descobrir se ele seria capaz de me convencer a ignorar todas as bestialidades que ouço, todos os dias, naquele lugar.

Depois de horas de discussões ásperas, argumentos inconssistentes e uma quase-tentativa de violência do espelho contra mim (que só não revidei porque dizem que dá azar), cheguei à conclusão que não vale a pena ouvir quem não me convence. Inclusive o espelho. Mas também concluí que não serve de nada usar meus Napalms verbais para torturar os coitados.

Relembrei então Os Simpsons, e escrevi 457 vezes em folhas brancas "Não vou fazer mal às pessoas só porque elas são burras". No 249, a quase-tendinite da mão direita começou a querer gritar pedindo arrego. Mas resisti, e só lá pelo 310 é que troquei de mão. A quase-tendinite já estava evoluindo pra algo muito mais grave, eu acho. As 147 vezes que escrevi com a esquerda foram ainda mais sofridas do que todas as outras onde eu era destro. Não sei se a penitência serviu pra alguma coisa, mas pelo menos os garranchos de minha canhotinha ficaram lindos.

Cansado, fui dormir achando que encontraria alívio. Mas pesadelos horríveis me atormentariam pela madrugada adentro.

No primeiro, me vi numa Choppada (é com um pê ou dois?). Na verdade era um pouco pior. Bem Pior. Uma choppada (é cê maiúsculo ou minúsculo?) dos calouros de um curso esquisito. Talvez fosse Fisioterapia. É... Parecia Fisioterapia mesmo. Terrível. Eu estava completamente à vontade, de camisa regata, Nike colorido e aquelas meinhas que não saem do Tênis. Tomava um Garotinho e reclamava que tinham comprado Chopp Nova Schin. Junto à mim, logo ao lado, num papo animado, duas loiras mascavam chiclete e diziam morar em Anchieta.

Acordei no primeiro "Já é!" que ouvi da dupla.

Todo suado fui tentar me recompor. Em frente à geladeira, não me preocupei em procurar copo, só queria beber bastante água. Aquele "Ahhhh..." de comercial do Kolynos foi inevitável. Dei uma mijadinha rápida e voltei pra cama.

Depois disso dormi profundamente. Mas já descobriria, em pouco tempo, o que o leitor entenderá neste e nos próximos relatos. A única coisa que fará sentido no famoso semestre 01/2004: "O PIOR AINDA ESTÁ POR VIR".

Pois é. Outro pesadelo. É lógico. Mas esse era dos bons...
Protagonista?? Eu, Brunolo. Paisagem??? Um deserto. Algum lugar no Golfo Pérsico. É importante que o leitor observe a foto no proximo post, para imaginar as cenas que se passaram em meu córtex (falei merda? é lá mesmo?).

Eu. Brunolo (volte lá no outro post e veja a foto de novo). Trajava um uniforme militar americano. Daqueles com a bandeirinha nos ombros e a águia no peito. Boina Preta na cabeça. Mais. Estava dentro de um tanque de guerra, só que pequeninho. Parecia de brinquedo, tanto que eu ficava dentro do tanque só da cintura pra baixo. Só cabiam as pernas.

Fazendo um forte gesto de continência, eu avançava sozinho em direção a um exército de jovens rapazes e moças saradões. Todos barbados como Se fossem da Al-Qaeda. Os jovens vinham correndo em minha direção e me atiravam filipetas. Isso mesmo, eles eram daqueles que entregam as propagandinhas na porta da faculdade no final da aula. E os diabos das filipetas que me acertavam grudavam como SuperBonder na minha pele, e aos poucos me imobilizavam.

Ao me atacar, todos os jovens gritavam, com vozes guturais, os nomes das festas oferecidas pelas filipetas. "Super-Fisio-Night-Fantasy-Rave-2005!!!", "Forró-do-Saracura na Lapa!!!", "Wild-EletroNight-Party na Barra!!!" são alguns dos que ainda me lembro.

Tentei usar minhas armas, mas o canhão do tanque já havia sido entupido por exemplares gratuitos da "Revista Oi". As esteiras que o movimentavam já estavam avariadas por bombas desenvolvidas com sampling de novas cervejas e camisinhas gratuitas daquelas que distribuem no Carnaval. Eu mesmo já estava com corpo quase todo coberto quando me comprimi, todo torto, dentro do pequeno blindado. Fiz uma força desgraçada e consegui fechar a escotilha. Foi quando ouvi uma voz, com todo o jeito de autoridade, anunciando: - Podem abrir!!

Acordei num pulo só. Parecia ainda ouvir o forte barulho do motor engasgado do tanque. Enquanto tateava o corpo tentando encontrar alguma filipeta, olhei pra todos os lados e, mesmo ofegante abri a janela para respirar melhor. Por ela descobri que o barulho era o 455 parado na frente, enquanto o motorista e o cobrador tomavam um cafezinho no posto de gasolina.


...a ser continuado... (escrito por um português)

Brunolo escreve este relato sempre que não consegue dormir. Ele jura que é tudo verdade, e que nunca fez uso de substâncias alucinógenas.